quarta-feira, 16 de maio de 2007

Presença

Toca o telefone. Vibra o som nos meus ouvidos. Áspero.
Um arrepio.
A pele que desenlaço dos lençóis está gelada.
Frio.
Coloco os pés descalços no chão. Dou dois passos. Atendo o telefone. Silêncio.
Aguardo calada uma palavra. Nada.
Desligo o telefone. Volto para a cama. Vazia.
Penso em ti. Vazia.
Resta o eco do telefone. Vibra o som nos meus ouvidos. Áspero.
Toca todas as noites desde que te foste. Morte.
Enche o espaço. Vazio.
Amaldiçoo o destino. A sorte.
Frio.
Enlaço a pele nos lençóis. Gelada.
Um arrepio.
Fecho os olhos e adormeço.
Até me acordares. Na próxima madrugada.

29 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Esse poema está a meio caminho entre a poesia e a prosa. :-)

Aconteceu-me (pelo menos) uma vez ficar com o eco do telefone a vibrar nos meus ouvidos. Deveu-se a por alguma razão estúpida o telefone tocar quando eu o tinha ao ouvido. Não recomendo.

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

5/16/2007  
Blogger PEIXE said...

O pior é quando ele não toca e aguardamos....pior é trocar uma cama quente e com companhia por uma fria e vazia...enfim.

Beijos

5/17/2007  
Blogger Bionico said...

Doloroso este poema

5/17/2007  
Blogger Dawa said...

Triste, duro e frio... foi o que senti...
Beijo de coração, no teu coração!

5/17/2007  
Blogger PavlovDoorman said...

Menina Utzi e quando finalmente o telefone toca e nos fala a esperança?
Não a esperança que esperamos, mas a esperança duma nova vida?

Aí com certeza vale a pena esperar.

Beijinho Menina Utzi

5/17/2007  
Blogger as velas ardem ate ao fim said...

Cru mas belissimo.
Ausencia=dor.

bjos

5/17/2007  
Blogger cacharel said...

Esse gelo, esse frio... quantas vezes o sentimos. Na saudade, no vazio, na esperança... que um dia o calor volte à nossa vida e os arrepios passam a ser de emoção, de felicidade...

Beijinhos perfumados***

5/17/2007  
Blogger Lenin aka JR said...

Pressenti cada palavra.
Antes de ler.
Antes de ver.
Porque sinto o vazio, que não se preenche nunca.
Porque não ouço o grito surdo do telefone que insiste em não tocar.
Porque por vezes não me apetece sequer... acordar.

Parabéns. Adorei.
JR

5/18/2007  
Blogger ruth ministro said...

Jaime, só tu mesmo... hehehe :) Beijo

Peixe, não sei bem o que será pior... Obrigada pela simpática visita, espero que regresses. Beijo

Anjo, doloroso... sim, tens razão. Beijinhos

Dawa, obrigada por esse beijo :) Outro para ti, linda.

Pavlovdoorman, isso é outra história... um dia pode ser que eu escreva sobre ela. Beijo :)

As velas arde até ao fim, ausência... ou presença... mas certamente dor. Beijinhos

Cacharel, é verdade, eu tenho tendência para escrever coisas tristes... não porque os dias o sejam, mas porque são momentos tristes que me inspiram a escrever na maior parte das vezes... mas tenho a certeza que esses dias de calor ainda vão chegar e inspirar-me tanto ou mais :) Beijinhos

Jr, também eu adorei as tuas palavras :) Espero que voltes para deixar mais. Beijos e obrigada pela visita.

5/18/2007  
Blogger Raquel Branco (Putty Cat) said...

Utzi, este tocou-me...
Bem forte, com tom de arrepio.

Fantástico.
parabéns.

PCat

5/18/2007  
Blogger Brain said...

Utzi,

Este escrito...

Está excelente,
Está completo,
Está fantástico,
Mas...

Arrepio!

Beijo.

5/18/2007  
Anonymous Anónimo said...

Gostei deste verso,

"Resta o eco do telefone. Vibra o som nos meus ouvidos. Àspero."


PS: Áspero; acento agudo.

5/18/2007  
Blogger ruth ministro said...

Putty cat, obrigada e um beijinho :)

Brain, se as palavras conseguiram causar-te um arrepio, é bom sinal :) Obrigada e um beijo

R., obrigada.
Quanto ao "Àspero" foi um erro ao fazer a letra maiúscula e o acento ao mesmo tempo.
Não me esqueci do teu pedido ;)
Beijo

5/18/2007  
Anonymous Anónimo said...

...e de madrugada tudo pode acontecer.

Bonito poema.

5/19/2007  
Anonymous Anónimo said...

Fabuloso!

5/19/2007  
Blogger o alquimista said...

Os teus pés são navegantes na espuma, o teu cabelo dança em descuidada ironia, suave viagem de ondulante onda em tua boca, duas sílabas sopradas em mágica melodia…

Bom domingo

Doce beijo

5/20/2007  
Blogger fairybondage said...

Que lindo!!!
Fiquei arrepiada!!!

Obrigado por partilhares!!!

mil beijinhos

5/20/2007  
Blogger ruth ministro said...

Madrugada, pois é... aquele limiar entre o sonho e a realidade é mágico.
Beijo

Diva, obrigada e um beijinho :)

O alquimista, sempre poético nas palavras que me deixas. Obrigada e um beijinho :)

Fairybondage, obrigada a ti, por leres ;) Beijinhos

5/21/2007  
Anonymous Anónimo said...

...este comentário não traz nada de novo: belíssimo!

:) sorrisos!, muitos, por todas as ausências! :)

5/21/2007  
Blogger ruth ministro said...

Xana, há tanto tempo que não passavas por aqui :) Eu passo no teu blog muitas vezes, mas agora para comentar é preciso dar uma série de dados... não me entendo com aquilo hehehe :)

Beijinhos

5/21/2007  
Blogger anamoris said...

Tudo o que é frio aterroriza-me.
Beijos

5/21/2007  
Blogger ruth ministro said...

Anamoris, também a mim... Beijos

5/21/2007  
Anonymous Anónimo said...

Senti os pés frios nas lajes do chão.

Está lindíssimo. *

5/21/2007  
Blogger ruth ministro said...

Constança, um beijo enorme para ti :)

5/21/2007  
Blogger Rogeriomad said...

Uma coisa que nao tem nada a ver...

Já editavas os teus links...
Tens um Google...
e dps dois "Edit-me"

Que estás à espera pá?

5/21/2007  
Blogger ruth ministro said...

Rogermad, eu só escrevo e publico, até porque não percebo nada dessas coisas. E além disso, "de quem eu gosto, nem às paredes confesso" hehehe :) Beijo

5/21/2007  
Blogger Rogeriomad said...

Olá,

Não se trata disso...

Podes apagar aquilo dali...
nao precisas de colocar links...

;)

5/22/2007  
Blogger susemad said...

A presença constante de um vazio que ficou...
O pensamento distante, em quem partiu e o vazio deixou...
O não esquecimento...
O vazio...
Apenas o vazio...

5/23/2007  
Blogger ruth ministro said...

Rogermad, irei estudar essa possibilidade... ;) Beijo

Tons de azul... tu também andas muito poética... :) Beijinhos

5/24/2007  

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