quinta-feira, 20 de março de 2008

Estou só

Estou só.
No meio de papéis marcados pela tua existência,
Perdida na desarrumação das gavetas remexidas
Na busca ansiosa de memórias esquecidas,

De pedaços teus...

Sinto-te a falta nos objectos que toco,

Aqueles, que falavam de ti...

Se soubesses como estão inanimados,

Tristes e calados,

Nunca mais os ouvi...

Quedaram-se em silêncio desde a tua partida,

Acho mesmo que se zangaram,
Que se revoltaram,
Por teres ido assim,

Sem aviso, enfim,

Por não lhes teres dito uma palavra de despedida.

Quando te foste,

Levaste contigo mais do que malas,

Levaste-lhes para sempre as falas...

E a mim deixaste-me um nada,

Um vazio de saudade e solidão...

E coisas sem vida espalhadas pelo chão.


Imagem retirada de http://www.deviantart.com

40 Comments:

Blogger Joseph 1 said...

Nuvem
Olá

Já mais uma pérola nova?

Amei este poema.
Tremendamente bem escrito.
É uma delícia e um prazer ler poesia assim...
Parabéns.

Sinceramente gostei muito.

Beijinhos amendoados;)**

3/20/2008  
Blogger BlueVelvet said...

São estas as ausências que mais marcas deixam: as que deixam saudades acompanhadas de pequenos nadas, palpáveis embora,que ficam por alí, perdidos e sem vida.
É um prazer ler-te.
beijinhos e veludinhos

3/21/2008  
Blogger Rui Caetano said...

Não estás só, juntaste-te às marcas da ausência, deitaste-te junto dos passos do que ainda reside no teu olhar...
O tempo corre e tens de correr a seu lado em busca de um outro olhar tão intenso e profundo...

3/21/2008  
Blogger Pedro Branco said...

Recolho cada lágrima da solidão na esperança de conseguir construir um rio. Uma corrente que me banhe as margens das ausências e se brilhe por entre as ternuras da fonte. Sim, da fonte que em mim brota de cada vez que te vejo. Mesmo que dentro de mim e só...

3/21/2008  
Blogger ana said...

Querida,estas gotas em forma de palavras que caem da tua nuvem são transparentes que nem cristais...É assim que absorvo cada um delas,e me deixo encantar uma vez mais!

Beijinho e boa páscoa para ti minha querida,:)*

3/21/2008  
Blogger Nuno Tavares said...

Passei por aqui só para deixar um beijinho de Boa Páscoa... e pronto! Mais uma obra de arte...

3/21/2008  
Blogger Sonho & Sedução said...

Olá Nuvem...
Seu cantinho é muito aconchegante... adorei e com certeza voltarei mais vezes...
Aproveito para te desejar uma Feliz Páscoa

BEIJO COM CARINHO

3/21/2008  
Blogger Maria João Matos said...

Um bom dia mundial da poesia, doce poetisa! :)

3/21/2008  
Blogger Donagata said...

O poema mais bonito que li hoje (e li bastantes). Que forma excelente de comemorar este Dia mundial da Poesia!
Um beijo e uma boa Páscoa.

3/21/2008  
Blogger Narrador said...

Fico sempre assim...Tipo congelado à frente das tuas palavras. Nuvem, muito bom.

Um beijo.

3/21/2008  
Blogger Heartbeat said...

Parabens Utzi, por todos os momentos que me fazes sentir com essas palavras que nos "dás". um beijo

http://me-and-my-heartbeats.blogspot.com/

3/22/2008  
Blogger Amor amor said...

É verdade, Nuvem, não é só a gente que sofre, parece que os objetos ficam ainda mais inanimados com certas ausências. Parece que o tempo fica da cor do ar, e o ar perde o frescor da velocidade do tempo...
Parabéns, minha linda, um poema lindo, do seu jeito mais puro, mais sentido..
Beijos doces cristalizados!!! :o*

3/22/2008  
Blogger ruth ministro said...

Joseph, muito obrigada :) Mesmo! Afinal, tu és um leitor difícil de agradar. Beijos

Blue velvet, minha querida, o prazer é todo meu, por ver as minhas palavras serem lidas e apreciadas por ti. Mil beijinhos

Rui caetano, obrigada pelas palavras. Um beijo para ti

Pedro branco, já sabes que gosto muito de te ler. Obrigada pela visita e pelo poema aqui delicadamente pousado. Beijo

Ana, tu estragas-me com elogios :) Obrigada, de coração. Mil beijinhos e uma Páscoa tão docinha como tu.

Nuno tavares, obrigada! Uma Boa Páscoa também para ti. Beijinhos

Sonho e sedução, obrigada pela visita e pelas palavras deixadas. Fico à espera de um regresso em breve. Beijos

Maria João, és um amor. Obrigada por te lembrares de mim neste dia, fiquei verdadeiramente sensibilizada. Mil beijos, querida bailarina :)

Donagata, a sua generosidade não tem fim. Agradeço de todo o coração o elogio que não mereço. E, sobretudo, agradeço o facto de, neste dia, ter vindo ler as minhas palavras... Honrando-me com as suas. Mil beijos

Narrador, espero não ser responsável por uma constipação! :) Beijo e muito obrigada

Heartbeat, obrigada pelas gentis palavras. Fico feliz por saber que as minhas palavras são "sentidas". Beijos

Carol barcellos, e o teu comentário também foi poesia... :) Mil beijos, querida, e obrigada!

3/22/2008  
Blogger BlueVelvet said...

Querida Nuvem,
vim deixar-te os meus desejos de uma Santa e Feliz Páscoa.
muitos beijinhos e veludinhos

3/23/2008  
Blogger Karina said...

Entendo bem o que faz os objetos, mais do que nunca, tornarem-se inanimados. Tudo tornar-se abstrato, perder forma e fala.
Mas isso permanece até o dia em que criamos vergonha na cara e começamos a juntar os cacos do chão e reagrupá-los, criando novamente uma imagem. Nem sempre perfeita logo de cara, mas ao menos, deixa de ser deformada.
Lindíssimo texto, Nuvem!
Boa páscoa pra tí.
Bjos, querida!

3/23/2008  
Blogger as velas ardem ate ao fim said...

A ausencia é uma marca na pele da alma que nunca, nuca passa.

bjo Nuvem

3/23/2008  
Blogger An said...

Não sei se é pessoal, querida Nuvem, esse período de luto pela perda, que você transformou nesse belo poema. Você conseguiu transmitir em palavras como a dor física da saudade se une à dor da alma.Dói muito, um dia passa e fica só a nostalgia.Beijo de cacau brasileiro porque hoje é Páscoa.

3/23/2008  
Blogger YTMO said...

...e em cada objecto; em cada lugar; em cada poema; em cada filme; em cada música; em cada noite... continuam lá, para sempre.

Lindíssimo texto.

Adoro parar na tua nuvem, sempre!


Bjs*

3/23/2008  
Blogger ruth ministro said...

Blue, um beijo enorme para ti :)

Karina, é verdade, há um tempo para tudo... :) Mil beijos, querida, e obrigada :)

As velas ardem até ao fim, algumas não passam mesmo... Beijos, muitos :)

Annerita, obrigada pelas belas palavras e pelo beijo de cacau brasileiro :) Amei. Beijinhos

Ytmo, e eu gosto muito de te ter por cá :) Obrigada, beijos

3/24/2008  
Blogger Maria Laura said...

A lembrança de algumas pessoas fica para sempre em nós e em tudo o que tocaram. Acredito que os objectos continuam a falar mesmo quando a ausência se impõe.
Belíssimo poema!

3/24/2008  
Blogger Maria Laura said...

A lembrança de algumas pessoas fica para sempre em nós e em tudo o que tocaram. Acredito que os objectos continuam a falar mesmo quando a ausência se impõe.
Belíssimo poema!

3/24/2008  
Blogger Francis said...

a vida é uma quantidade de coisas espalhas pelo chão...e não só...revê-las é viver, com ou sem dor.

cheers.

3/24/2008  
Blogger Oliver Pickwick said...

Ontem enquanto assistia a um show em DVD de um cantor brasileiro, à certa altura ele diz: "o poeta, o compositor, nada produziriam se não fosse a dor do sofrimento". Será mesmo?
Com dor, ou sem dor (é um cacófago, eu sei, forma a palavra condor, uma ave de rapina dos Andes) o poema é muito bonito.
Beijos!

3/25/2008  
Blogger ruth ministro said...

Maria laura, concordo em pleno. Mil beijinhos para ti

Francis, pela primeira vez um comentário sério. Gostei. Tu quando queres até dizes coisas bonitas :) Beijo

Oliver, concordo com o cantor em causa. E a dor pode ser presente ou evocada do passado. Também pode ser extrínseca - motivada por um acontecimento externo, passageira - ou intrínseca - interna, alimentada por traços de personalidade, mais profunda. Em ambos os casos, eu refiro-me ao sentimento que leva ao impulso da escrita como um "estado de alma", umas vezes mais doloroso ou melancólico, outras mais nostálgico, outras ainda alegre... Todos os sentimentos dignos de serem sentidos, bons ou maus, arrebatadores ou tranquilos, são inspiração para a poesia :) Beijos

3/25/2008  
Blogger Lenin aka JR said...

"E coisas sem vida espalhadas pelo chão."

Por vezes temos que ser nós a dar nova vida a essas coisas que insistem em ficar espalhadas pelo chão. Esses objectos que guardam as memórias de quem foi sem se despedir. E preencher o espaço ocupado que foi ocupado pelo vazio.

É sempre um prazer fazer uma paragem nesta nuvem ;)

Beijinhos
João

3/25/2008  
Blogger ruth ministro said...

Lenin, é sempre um prazer ter-te por cá. Obrigada e um beijo :)

3/25/2008  
Blogger Francis said...

esforcei-me...

3/25/2008  
Blogger ContorNUS said...

Gosto cada vez mais desta nuvem que se revela a cada crepúsculo

3/25/2008  
Blogger ruth ministro said...

Francis, eu sei, até te cansaste e tudo que eu sei que tu não és menino de grandes esforços. Vê lá o coração hehehe :) Agora a sério, obrigada. Beijo

Contornus, a admiração é recíproca. Beijos

3/25/2008  
Blogger Jacinta Dantas said...

Mulher,
que poema lindo. Cheio de imagens que falam do não falar, do olhar que não mais se escuta, da ausência que se acentua na presença de objetos....
Muto bom te ler hoje.
Beijos
Jacinta

3/25/2008  
Blogger Brain said...

"Resquícios de nós",
Tão bem,
Descritos por Ti!

Um Beijo meu.

3/25/2008  
Blogger ruth ministro said...

Jacinta, muito obrigada. Muito bom ter-te por cá também... Beijos

Brain, obrigada :) Beijos

3/25/2008  
Anonymous Anónimo said...

Olá,

os ares outonais da Jacinta me deixaram nesta nuvem para alegrar minha alma com tão belos poemas!

Um abraço desde o outro lado do Atlântico.

3/25/2008  
Blogger ruth ministro said...

Zeca, obrigada pela visita e pelas simpáticas palavras deixadas. Volta sempre. Beijo

3/25/2008  
Blogger Xisko the kid said...

uma vida espalhada em pedaços pelo meio do chão...boa altura para pensar, boa altura para recomeçar.

3/25/2008  
Blogger Ai e Tal... said...

Impressionante a capacidade de algumas pessoas de partirem e LARGAREM tudo o que disseram, prometeram e fizeram... Como se o "trabalho" deles tivesse acabado por ali... Como se falar ou dizer "Vou-me embora" seja qual for o motivo, fosse desculpa para a falta de responsabilidade.

Li hoje, num blog a seguinte frase:

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

NÃO É ISTO VERDADE??????? Se alguém te cavita, passa a ter responsabilidades para contigo... Acredito nisto piamente...

***MUAH***

3/26/2008  
Blogger Alias said...

Pedaços de vazio feitos de silêncio, sem cor nem cheiro.

Muito bonito!

1 Beijo

3/26/2008  
Blogger ruth ministro said...

Xisko the kid, a vida é feita de recomeços, não é? :) Beijo

Ineves, tens razão... Um beijo

Alias, obrigada e um beijo :)

3/26/2008  
Blogger Edu said...

Nuca se deixa vazio, as memorias são preciosas, são elas que nos fazem ser aquilo que somos. Por isso as saudades.
Mas.... nada de preguiça apanha lá as coisas do chão, ha sempre quem queira ver o brilho do teu coração ,)
bju

3/26/2008  
Blogger ruth ministro said...

Edu, concordo, eu também não quereria perder as minhas memórias. São, realmente, parte daquilo que somos. Ainda que, tal como nós próprios, também elas vão sofrendo o desgaste do tempo, vão envelhecendo, perdendo a cor... Beijo

3/26/2008  

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