quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Os lugares que me deixaste


Deixaste-me esta cadeira vazia. Esta cadeira onde tantas vezes te sentaste. Hoje é apenas uma cadeira sem serventia, uma cadeira que tu usaste. Deixaste-me aquele pedaço de tapete, onde nos abraçámos e chorámos. Aquele pedaço de chão onde nos um dia nos amámos. Hoje é apenas um pedaço de chão que gastámos. Deixaste-me um quarto de paredes enrugadas. Um quarto onde o teu corpo nu era meu e toda eu era as tuas mãos suadas. Hoje não é mais do que quatro paredes pálidas de tão choradas. Deixaste-me aquele recanto. Aquele onde me sentava e via a água escorrer na tua imagem. Onde te contemplava como se fosses uma miragem. Hoje é um poiso do meu desencanto. Deixaste-me lugares cheios da tua ausência. Cheios de nada. Lugares onde a tua boca, que hoje me matou, ficará para sempre por mim beijada.


Foto retirada de http://olhares.aeiou.pt

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14 Comments:

Blogger CLÁUDIA said...

Mais uma vez a nostalgia, os vazios e as ausências se misturam numa dança lenta de palavras lindas. ***

2/11/2009  
Blogger Alias said...

Triste, bonito, bem elaborado...
Gostei!!!
Aliás, como gosto sempre. =)

Beijinho*


P.S. E depois eu é que escrevo coisas tristes... ok ok... ;)

2/12/2009  
Blogger Fernando K. Montenegro said...

Aquele comentário de sempre:

Brutal!

Quem deixou, deixou-nos tudo o que deixou. Tudo isso estará sempre ali. É uma marca de água da vida. Leve. Que fica.

2/12/2009  
Blogger ruth ministro said...

Cláudia, mais uma vez o amor... É ele que inspira todas as palavras que sabem dançar, não é? Beijinhos

Alias, gosto desse bonequinho que tens como imagem, bem escolhido. Beijo

Lorenzo, o meu agradecimento de sempre. Gostei dessa imagem de marca de água da vida... Muito bonita. Beijo

2/12/2009  
Blogger Donagata said...

Nuvem, que bonito! Porque será que as palavras nos escorrem mais fluídas com as lágrimas?
Não é exactamente o seu caso em que estas "parecem" sempre estar no sítio certo.

Contudo, estas, belíssimas como sempre, parecem ter apenas jorrado em fio de uma torneira...

2/12/2009  
Blogger ruth ministro said...

Donagata, em fio de uma torneira... ou mais em noite de inundação. Um beijinho muito especial *

2/12/2009  
Blogger Mar Arável said...

Fica a memória em palavras

até ser outro dia

num texto que respira

em chuva

purificada

até o chão se tornar

caminho

outro rio

2/12/2009  
Blogger ruth ministro said...

Mar Arável, até...

2/12/2009  
Anonymous Anónimo said...

Ai o livro que não sai...

2/13/2009  
Blogger Pearl said...

Lindissima a tua prosa!!

beijinho

2/13/2009  
Blogger Pearl said...

Permite-me que faça um sugestão: porque não retiras a verificação de letras dos teus comentários!?
Tornará o acto de comentar bem mais facil para que quer comentar-te!

beijo

2/13/2009  
Blogger ruth ministro said...

Susana, ai que tá quase quase quase :) Beijinhos, linda *

Pearl, muito obrigada. Em relação à verificação de letras, evita o spam, mal do qual já sofri e não tenho vontade de me lembrar :) Beijo

2/13/2009  
Anonymous Anónimo said...

inebriante...

2/19/2009  
Blogger ruth ministro said...

Carpedieminloveman, muito obrigada.

2/19/2009  

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