terça-feira, 28 de julho de 2009

No silêncio do teu toque


Quero-te.

E é no silêncio do teu toque
que te digo que sou tua.

Digo-to com os meus olhos
rasgando o mar dos teus olhos,
e os meus lábios, segredando
as marés dos teus cabelos
que ondulam nas minhas mãos.

Digo-to sem falar,
porque entre as nossas bocas
as palavras já não têm espaço...

Digo-to com a minha pele
respirando ávida nos teus dedos,
como se fosse morrer no segundo
em que deixasses de lhe tocar.

Sinto-te como o vento,
percorrendo cada recanto meu
como se sempre tivesse sido a sua casa,
como se me conhecesse
mesmo antes de eu saber que existia.

Houve um dia em que eu não era tua.
E tu também não eras meu.

Um dia em que vento e mar
eram só palavras vazias para mim.
Um dia em que o mar e o vento
não me conheciam.

Um dia em que os meus olhos
não sabiam navegar,
e os meus lábios padeciam de sede
sem saber...

Um dia em que o meu corpo
não tinha janelas.

Sim, houve um dia,
um dia muito distante,
um dia que já não sei lembrar,
em que eu não sabia que tu eras vida
e mar e vento e tudo o que há.

Hoje só sei ser tua.
(Como a espuma pertence ao mar,
como as janelas se abrem ao vento.)

Só sei querer-te.
(Como o coração quer a vida
que pulsa a cada segundo dentro dele.)

E digo-to no silêncio do teu toque,
sempre que os meus olhos
são os teus olhos e os meus lábios
são segredos que se perdem
nos teus cabelos,
que se perdem nas minhas mãos...


Imagem enviada pelo Brain para o desafio deste "lençol"

12 Comments:

Blogger Brain said...

Boa surpresa,
A renovação do prazer de ler este texto teu.

Beijo

7/29/2009  
Blogger ruth ministro said...

Brain, e ficou aqui tão bem, não ficou? Diz lá, quase tão bem como ficou no teu lindo blog... :) Beijos

7/29/2009  
Anonymous Anónimo said...

A "desnatada" sou eu, que ainda nem o livro vi. Às vezes a nossa vida atinge um estado em que o que é verdadeiramente importante fica encoberto, escondido e até esquecido, até que algo faça despontar de novo a verdade. Ás vezes a nossa vida simplesmente tem que ser...
Bj nuvenzinha. Muitasssssssss Saudadesssss!

7/29/2009  
Blogger Donagata said...

Ficou mesmo muito bem. Aliás, como todos.

Beijos.

7/29/2009  
Blogger mitro said...

Digo-to sem falar,
porque entre as nossas bocas
as palavras já não têm espaço...


Como gostava que fosse assim comigo...

7/30/2009  
Blogger ruth ministro said...

Susana, eu perdoo porque tu és linda... é a tua sorte :) Beijinhos e abracinhos!

7/30/2009  
Blogger ruth ministro said...

Donagata, obrigada :) E este foi particularmente difícil de escrever... Beijinhos

Mitro, espero que um dia assim seja também para ti... Beijos

7/30/2009  
Anonymous Anónimo said...

A capacidade de perdão é uma dádiva. Condição inprescindível de felicidade. Não imaginas como me faltam perdões... Bj amiga

7/30/2009  
Blogger Nilson Barcelli said...

Se bem percebi, tudo mudou.
Não sei há quanto tempo, mas sei que para muitíssimo melhor...
Querida amiga, o poema é excelente. Uma declaração de amor incondicional.
Gostei.
Beijo.

7/30/2009  
Blogger A.S. said...

Nuvem...

Belo poema de amor!
Só alguém apaixonado escreveria este lindo poema!!!


Beijos...

7/30/2009  
Blogger ruth ministro said...

Susanita, concordo contigo... Um beijo enorme, do tamanho do mundo, só para ti, amiga.

Nilson Barcelli, obrigada pelas palavras. Beijos :)

A.S. de facto, apaixonada é uma palavra que me descreve na perfeição, mas como estado permanente, condição existencial. Só sei ser assim, apaixonada, principalmente pela própria vida. Beijos

7/31/2009  
Anonymous Patrícia said...

Simplesmente perfeito!!! Adorei... Beijinhos *já tinha saudades da tua poesia

8/02/2009  

Enviar um comentário

<< Home