quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Atravessando a saudade

Todos os dias atravesso as ruas
como atravesso a saudade,
o coração a bater tão forte que
não me oiço. És tu, a cada passo,
a cada rosto que me olha, és tu
e não és tu, porque nunca és tu.
E eu desejo tanto os teus olhos
na luz da cidade, os teus olhos
por detrás de uma esquina qualquer.
Não diria uma palavra, as palavras
já não me cabem nos bolsos onde
só trago recordações, só queria
os teus olhos pousados em mim
por segundos, como duas andorinhas.
Depois podiam voar para longe,
mas eu saberia e estaria pronta
para os deixar partir, depois podiam,
mas ao menos uns segundos...
O Inverno chegou antes da hora,
e nas ruas não és tu, nunca és tu.
Não consigo ouvir, o coração bate
mais alto, sempre desde os teus olhos,
mas estou certa de que os pássaros
se foram sem dizer adeus.

1 Comments:

Blogger Rui Matos said...

Os pássaros nunca vão embora.
Migram e voltam.
Para voltarem a migrar.

12/01/2011  

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