quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Viagem nocturna

É noite e a cidade é vento
árvores e alcatrão, árvores e alcatrão
faróis acesos em movimento
e no rádio mais uma canção 

se fumasse, acendia um cigarro
se cantasse, afinava a voz
abria as janelas do carro
e chamaria por nós

o silêncio atravessa a estrada
os cavalos sempre a correr
um grito perdido no nada
e o primeiro verso a acontecer

há sílabas soltas nas ruas
à espera da nossa passagem
palavras sozinhas e nuas
espalhando-se pela paisagem

é vento à noite a cidade
poemas voam do chão
e tudo em mim é saudade
rasgando
árvores e alcatrão, árvores e alcatrão