quarta-feira, 13 de maio de 2015

Queria escrever-te um poema de amor

Queria escrever-te um poema de amor,
fazer dos teus olhos lagos cintilantes
perdidos entre as folhagens verdes dos
meus versos, inventar metáforas que
te encantassem te beijassem, mas tudo
o que tenho é uma janela aberta para
a rua onde te procuro e não te vejo,
e um céu cinzento que anuncia chuva
e tu sabes, sim, tu sabes que um poema
destes precisa de sol, ou talvez eu
precise de sol precise de ti mas tudo
o que tenho é esta janela aberta que
deixa entrar o vento e me leva as
palavras.

O meu café arrefece em cima da
mesa onde escrevo, o Otis Redding
está a ficar sem canções e sem cigarros,
e eu pergunto-me, enquanto espero
pelo som dos teus passos no corredor, se
ainda saberei onde ficam as florestas verdes
que um dia inventei para ti, se ainda saberei
fazer dos teus olhos lagos cintilantes, se
ainda saberei escrever-te um poema de amor.