quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Espelho meu, espelho meu

A poesia não pode agradar a todas as pessoas,

aliás, a poesia não tem que agradar.
A poesia tem que ser alma. Do poeta.
Das pessoas. A alma das coisas.
Quem diz que um cinzeiro não arde de amor?
Que uma janela não chora desesperadamente
num dia de chuva? As coisas têm mais alma
do que muitas pessoas. As pessoas perdem
a alma no mundo dos espelhos. E depois
não gostam do reflexo oco que vêem no poema.
Sou capaz de apostar que o poema
também não gosta de se ver nos olhos delas,

afinal, as pessoas não podem agradar todas à poesia.