sexta-feira, 1 de março de 2024

O poema possível

É possível que a poesia me tenha morrido 
nas veias, afogada no veneno dos dias,
das horas ácidas, do desencanto.

Procuro-a nos recantos da casa, nos
sonhos amarrotados sobre a cama desfeita,
nos casacos deixados à porta como se o 
frio do Inverno não pudesse entrar.

Não a encontro e pergunto-me se ela
alguma vez me procura, se como eu sente
a falta dos versos, da beleza que faz doer,
das palavras a pulsar de vida

e de renascer outra e sempre a mesma a cada poema.